sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

GUERREIRO TOGADO


LETRAS SERTANEJAS:
História de um cangaceiro-doutor
Acaba de ser lançada no RECIFE a Segunda Edição do livro GUERREIRO TOGADO, do escritor PEDRO NUNES FILHO. A obra trata da luta armada do Dr. Augusto Santa Cruz, promotor público em Monteiro, Paraíba do Norte.
Em 1911, o bacharel insurgiu-se contra o governo da Paraíba, formou uma milícia armada de 500 homens e fez uma guerra que encheu todo o Sertão.
Dr. Santa Cruz recebeu o apoio do General Dantas Barreto e foi acolhido pelo Padre Cícero, no Juazeiro, que fez grande esforço para pacificar a Paraíba.
         Trata-se de uma epopéia sertaneja, cuja leitura empolga e comove.
Edição luxuosa, comemorativa dos 100anos (1911-2011) daquele incidente político que teve desdobramentos em Pernambuco e no Ceará.
Impresso no formato 16x23cm, o livro contém 516 páginas e 69 fotos preto e branco, sangradas, em excelente resolução.
Prefácios de Frederico Pernambucano de Mello e de Antônio Jorge de Siqueira. O texto da orelha é José Rafael de Menezes que depõe: “Guerreiro Togado inscreve-se entre os melhores estudos municipalistas nordestinos.”
José Rafael de Meneze - escritor
ENTREVISTA

Com Pedro Nunes Filho, autor do livro GUERREIRO-TOGADO, segundo José Rafael de Menezes, “um dos melhores ensaios municipalistas nordestinos.”

R- Quem era o Guerreiro Togado?
P- Um bacharel em Direito chamado Augusto de Santa Cruz Oliveira, popularmente conhecido por Sinhozinho do Areal. Dr. Santa Cruz formou-se em 1895 na Faculdade de Direito do Recife e foi nomeado Promotor Público de Monteiro, sua terra natal.
R- O que houve com ele?
P- Naquela época era permitido o exercício da politicagem togada. Isto é: promotores e juízes podiam participar da política partidária e até disputar mandatos representativos ou eleições majoritárias.
R- Os adversários chamavam-no de cangaceiro, por quê?
P- Para denegrir sua imagem. Ele não era um cangaceiro, e sim, um revoltoso que tentou derrubar a oligarquia que governava a Paraíba havia anos.
R- Qual a relação dele com o famigerado Antônio Silvino?
P- Nenhuma. Apenas alguns cabras de seu grupo, às vezes, transitavam no bando de Silvino. O fato é que Antônio Silvino, com uma pontinha de inveja de sua fama, um dia declarou: “De uns tempos desses para cá, não gozo mais de prestígio, só se quer saber de cangaceiro-doutor!” Foi o suficiente para o apelido pegar.
R- Sim, mas como aconteceu o desentendimento?
P- Santa Cruz dizia-se com os direitos políticos abolidos e o direito de defesa ameaçado. Um dia prenderam um cabra de sua confiança chamado Peba. Aí, a coisa pegou fogo. Ele reuniu 120 homens recrutados dos porões do cangaço e, numa madrugada-manhã gelado, dia 6 de maio de 1911, fortemente armados e municiados, invadiu Monteiro, quebrou a cadeia, soltou os presos, prendeu o destacamento de polícia e seu comando, apoderou-se das armas e marchou contra a cidade que ainda estava adormecida.
R- O que pretendia, então?
P- Vingar-se de seus adversários políticos, desmoralizando-os.
R- Como?
P- Depois de algumas horas de resistência armada de algumas autoridades e de cidadãos comuns, Santa Cruz prendeu o Prefeito da cidade, Coronel Pedro Bezerra, o promotor público, Dr. Inojosa Varejão e mais três cidadãos influentes, seus desafetos.
R- Quem era o governador da Paraíba?
P- João Lopes Machado, governador, sentindo-se impotente para resgatar os reféns e estabelecer a ordem, pediu ajuda ao governador de Pernambuco Herculano Bandeira.
R- Que ajuda recebeu?
P- Herculano Bandeira autorizou um Batalhão composto de 240 praças, 10 oficiais e um comandante deslocar-se para Alagoa de Baixo, hoje Sertânia, e invadir a Paraíba, municiados com 50 mil cartuchos para a luta.
R- Houve uma guerra, então?
P- Vendo que não podia resistir na cidade, dias antes do planejado ataque à urbe, Santa Cruz desloca-se para sua fazenda Areal, levando consigo os prisioneiros e lá organiza uma resistência, armados e entrincheirados.
R- E a luta?
P- Aconteceu no dia 27 de maio de 1911. As forças de Pernambuco juntaram-se a 120 homens da polícia paraibana e atacaram a Fazenda Areal, às 10 horas da manhã. A luta foi intensa e estendeu-se até a tarde, quando o grupo de Santa Cruz viu-se com pouca munição e bateu em retirada.
R- A polícia os perseguiu?
P- Não, porque eles levavam consigo os reféns e podia acontecer o pior.
R- Onde Santa Cruz foi parar?
P- Um mês de caminhada a pé, ele foi parar no Juazeiro do Padre Cícero. No percurso foi liberando os reféns um por um, pois não lhe convinha chegar no reduto sagrado com autoridades prisioneiras.
R- Como o padre o recebeu?
P- Considerando Santa Cruz vítima de perseguição política, o padre concedeu-lhe asilo, desarmou todos os cangaceiros e deu-lhes ocupações dignas.
R- E a guerra acabou aí?
P- Não. Santa Cruz era um homem valente e obstinado. O padre fez tudo para ele comprar uma fazenda no Piauí e nunca mais voltar à Paraíba. Os conselhos foram em vão. No ano seguinte 1912, voltou e encontrou suas fazendas queimadas e destruídas  pela polícia. Aí, então, juntou-se ao médico Franklin Dantas, pai de João Dantas, formaram um exército de 500 homens e saíram atacando as principais cidades paraibanas com o intuito de derrubar o governador João Machado. É o que se chamou a Guerra de 12 que encheu todo o Sertão.
R- Enfim?
P- Derrotado, Santa Cruz refugiou-se em Pernambuco que estava sendo governado pelo General Dantas Barreto, seu amigo que até então o havia apoiado e, anos depois, o nomeou Juiz de Direito de Afogados da Ingazeira, tendo falecido na cidade de Limoeiro, como um magistrado valente, respeitado e probo.

Como comprar este livro?
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pnunesfilho@yahoo.com.br
Código da obra: GT
Formato: 16x23
Preço: RR 70,00



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